"Abençoados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Mateus 5:3)
Elaine era uma mulher tímida que procurou a psicoterapia por
causa de constantes relacionamentos fracassados. À medida que
o tempo passava, foi ficando cada vez mais difícil encerrarmos
nossas sessões na hora. Era como se algo importante fosse surgir nos últimos minutos de quase todas as sessões, e Elaine rompia
em lágrimas e expressava sentimentos sofridos, o que tornava
difícil para nós dois concluir as sessões.
No início, pensei que talvez as sessões de 45 minutos não fossem
longas o suficiente para ela. Parecia que nossas conversas faziam
um poço de emoções que havia dentro de Elaine entrar em
erupção. Eu não queria atribuir a dificuldade em terminar a sessão ao fato de considerá-la "excessivamente emocional", já que não gosto de ver as pessoas dessa maneira, pois parece que estou condenando quem expressa seus sentimentos.
De repente, entendi. Quando a sessão ia chegando ao fim, eu procurava terminar a conversa. Eu não queria iniciar algo muito profundo, pois só nos restavam alguns minutos. Sem perceber, eu estava sutilmente cortando Elaine. Minha intenção era evitar trazer à tona qualquer coisa que não tivéssemos tempo de examinar.
Para Elaine, eu a estava rejeitando, como se dissesse que não
queria mais ouvir o que ela estava sentindo.
Quando percebemos o que estava acontecendo, o término das
nossas sessões começou a transcorrer de maneira muito mais
suave. O encerramento ainda doía, mas deixou de ser sentido por ela como rejeição. O que estava precisando de tratamento não era um problema no interior de Elaine e sim o nosso relacionamento, que necessitava de atenção.
Jesus ensinou que os "pobres em espírito" herdarão tesouros
devido à sua humildade. Os terapeutas precisam ser humildes a
fim de receber os tesouros que aparecem a partir de um bom
relacionamento com os pacientes. Hoje, muitos profissionais
acreditam que o relacionamento criado na terapia é que ajuda as
pessoas. Os psicólogos precisam ouvir com muito cuidado cada
paciente para juntos descobrirem de que maneira o
relacionamento que está sendo formado pode levar à cura. Eles
estão aplicando nos consultórios o que Jesus disse ser verdade a
respeito de herdarmos o Reino de Deus.
Para Jesus, o agente de cura sempre pensa em si mesmo em
relação aos outros. As pessoas não buscam simplesmente a cura;
elas formam um relacionamento com aquele que a oferece, e essa relação, se bem conduzida, contribui poderosamente para a cura.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A terapia é mais do que um processo; é um relacionamento.
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